Eu gostava de pegar as conchinhas na beira do mar. Escolhia
as mais bonitas. Tinha alguém especial esperando meu presente da praia. E, pra
mim, as conchinhas quebradinhas sempre tinham as cores mais lindas! Que delícia aprender na inocência da vida. Não havia preocupações e o mundo era mesmo cor de
rosa pra mim. Que leveza boa, época de sorriso fácil. Bexiga, boneca, bala de
goma e pipoca. Quanta ingenuidade e fantasia. Recreio, troca de cartinhas e
descobertas incessantes. Não ligava pros noticiários. Era tudo muito sério e
seriedade nessa época não me apetecia. O tempo passou e há quanto tempo não procuro
conchinhas ou compro um algodão doce. As prioridades mudaram e confesso que ser
adulto é difícil. Hoje não tenho mais comigo aquela pessoa especial pra trazer minha
lembrancinha da praia. Quem me esperava já se foi – essa é a verdade crua da
vida. Essa aventura toda passa num
instante e os momentos também. E o que nos resta é o hoje - tão presente e único momento. Tirar o peso da rotina, ser menos
“turbulência” e mais sentimento . Esse é o grande mistério. Viva bem com
pessoas que valham a dura pena. Por isso o contato com crianças me faz ser mais
serena, digo ingênua, até. A inocência infantil me tira um pouco dessa loucura
e repito: aquele sorriso fácil me renova inteira. Tenho ali, naquele momento, a
crença que às vezes me falta no ser humano.